quinta-feira, 2 de maio de 2013

Poema Não há Vagas

O preço do feijão

não cabe no poema
O preço do arroz

não cabe no poema.
Não cabem no poema
o gás

a luz o telefone

a sonegação

do leite

da carne

do açúcar

do pão.

  

O funcionário público

não cabe no poema

com seu salário de fome

sua vida fechada

em arquivos.

Como não cabe no poema

o operário

que esmerila seu dia de aço

e carvão

nas oficinas escuras

  

– porque o poema, senhores,

está fechado: “não há vagas”

Só cabe no poema

o homem sem estômago

a mulher de nuvens

a fruta sem preço

  

O poema, senhores,

não fede

nem cheira. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário