sexta-feira, 8 de março de 2013

Conto ''Uma Galinha"- Clarice Lispector

O conto pode ser  encontrado no livro "Laços de Família" de Clarice Lispector.
 
 
 
Era uma galinha de domingo. Ainda viva porque não passava de nove horas da manhã.

Parecia calma. Desde sábado encolhera-se num canto da cozinha. Não olhava para ninguém, ninguém olhava para ela. Mesmo quando a escolheram, apalpando sua intimidade com indiferença, não souberam dizer se era gorda ou magra. Nunca se adivinharia nela um anseio.

Foi pois uma surpresa quando a viram abrir as asas de curto vôo, inchar o peito e, em dois ou três lances, alcançar a murada do terraço. Um instante ainda vacilou — o tempo da cozinheira dar um grito — e em breve estava no terraço do vizinho, de onde, em outro vôo desajeitado, alcançou um telhado. Lá ficou em adorno deslocado, hesitando ora num, ora noutro pé. A família foi chamada com urgência e consternada viu o almoço junto de uma chaminé. O dono da casa, lembrando-se da dupla necessidade de fazer esporadicamente algum esporte e de almoçar, vestiu radiante um calção de banho e resolveu seguir o itinerário da galinha: em pulos cautelosos alcançou o telhado onde esta, hesitante e trêmula, escolhia com urgência outro rumo. A perseguição tornou-se mais intensa. De telhado a telhado foi percorrido mais de um quarteirão da rua. Pouco afeita a uma luta mais selvagem pela vida, a galinha tinha que decidir por si mesma os caminhos a tomar, sem nenhum auxílio de sua raça. O rapaz, porém, era um caçador adormecido. E por mais ínfima que fosse a presa o grito de conquista havia soado.

Sozinha no mundo, sem pai nem mãe, ela corria, arfava, muda, concentrada. Às vezes, na fuga, pairava ofegante num beiral de telhado e enquanto o rapaz galgava outros com dificuldade tinha tempo de se refazer por um momento. E então parecia tão livre.

Estúpida, tímida e livre. Não vitoriosa como seria um galo em fuga. Que é que havia nas suas vísceras que fazia dela um ser? A galinha é um ser. É verdade que não se pode­ria contar com ela para nada. Nem ela própria contava consigo, como o galo crê na sua crista. Sua única vantagem é que havia tantas galinhas que morrendo uma surgiria no mesmo instante outra tão igual como se fora a mesma.

Afinal, numa das vezes em que parou para gozar sua fuga, o rapaz alcançou-a. Entre gritos e penas, ela foi presa. Em seguida carregada em triunfo por uma asa através das telhas e pousada no chão da cozinha com certa violência. Ainda tonta, sacudiu-se um pouco, em cacarejos roucos e indecisos. Foi então que aconteceu. De pura afobação a galinha pôs um ovo. Surpreendida, exausta. Talvez fosse prematuro. Mas logo depois, nascida que fora para a maternidade, pare­cia uma velha mãe habituada. Sentou-se sobre o ovo e assim ficou, respirando, abotoando e desabotoando os olhos. Seu coração, tão pequeno num prato, solevava e abaixava as penas, enchendo de tepidez aquilo que nunca passaria de um ovo. Só a menina estava perto e assistiu a tudo estarrecida. Mal porém conseguiu desvencilhar-se do acontecimento, despregou-se do chão e saiu aos gritos:
— Mamãe, mamãe, não mate mais a galinha, ela pôs um ovo! ela quer o nosso bem!

Todos correram de novo à cozinha e rodearam mudos a jovem parturiente. Esquentando seu filho, esta não era nem suave nem arisca, nem alegre, nem triste, não era nada, era uma galinha. O que não sugeria nenhum sentimento especial. O pai, a mãe e a filha olhavam já há algum tempo, sem propriamente um pensamento qualquer. Nunca ninguém acariciou uma cabeça de galinha. O pai afinal decidiu-se com certa brusquidão:

— Se você mandar matar esta galinha nunca mais comerei galinha na minha vida!

— Eu também! jurou a menina com ardor. A mãe, cansada, deu de ombros.

Inconsciente da vida que lhe fora entregue, a galinha passou a morar com a família. A menina, de volta do colégio, jogava a pasta longe sem interromper a corrida para a cozinha. O pai de vez em quando ainda se lembrava: "E dizer que a obriguei a correr naquele estado!" A galinha tornara-se a rainha da casa. Todos, menos ela, o sabiam. Continuou entre a cozinha e o terraço dos fundos, usando suas duas capacidades: a de apatia e a do sobressalto.

Mas quando todos estavam quietos na casa e pareciam tê-la esquecido, enchia-se de uma pequena coragem, resquícios da grande fuga — e circulava pelo ladrilho, o corpo avançando atrás da cabeça, pausado como num campo, embora a pequena cabeça a traísse: mexendo-se rápida e vibrátil, com o velho susto de sua espécie já mecanizado.

Uma vez ou outra, sempre mais raramente, lembrava de novo a galinha que se recortara contra o ar à beira do telhado, prestes a anunciar. Nesses momentos enchia os pulmões com o ar impuro da cozinha e, se fosse dado às fêmeas cantar, ela não cantaria mas ficaria muito mais contente. Embora nem nesses instantes a expressão de sua vazia cabeça se alterasse. Na fuga, no descanso, quando deu à luz ou bicando milho — era uma cabeça de galinha, a mesma que fora desenhada no começo dos séculos.

Até que um dia mataram-na, comeram-na e passaram-se anos.



Influência indígena nas palavras


A partir da busca feita no livro “Os Índios do Brasil”, conclui que apesar das aldeias indígenas estarem desaparecendo, ainda existem aldeias que permanecem seguindo suas culturas.

Mesmo sem as pessoas saberem, a presença indígena existe entre nós.

Muitas palavras do nosso cotidiano vem de origem indígena como, por exemplo, as palavras pipoca,tapioca,curau,etc.

Os indígenas também passaram para nós a palavra sabiá que é um pássaro muito conhecido por seu canto melodioso, jacaré, maloca, araponga, entre outras palavras.

Por isso é muito importante sabermos a sua historia para descobrirmos novas palavras de origem indígena.

 

Texto feito em  sala de aula.

quinta-feira, 7 de março de 2013

Síntese do conto: "As Cerejas"

 
 
 







As cerejas, conto de Lygia Fagundes Telles, fala sobre uma moça, a narradora, que esta apaixonada por Marcelo, um homem mais alto que ela que vivia montando em seu cavalo.
Certo dia, a tia Olívia foi visitar a narradora, sua madrinha e Marcelo, que moravam na mesma casa.
Quando Olívia chegou, a narradora se deu conta de o quanto superior, financeiramente, são Olívia e Marcelo.
Olívia era uma mulher madura, mas com um belo corpo. Já esteve na Europa assim como Marcelo, eles até podem ter se encontrado lá, se isso realmente aconteceu, esse encontro na casa da madrinha poderia ser um encontro combinado. Este encontro na Europa ganha mais força ao ato de Olívia de sempre passar a língua nos lábios ao ouvir sobre Marcelo, o que pode representar o desejo de um beijo que já aconteceu.
Devido a uma forte tempestade, a casa onde estavam ficará no escuro, criando assim, juntamente com raios, um clima de suspense. 
A pedido de sua madrinha, a narradora sobe para entregar velas a Olívia, mas, com a ajuda de um raio, vê que ela não esta sozinha naquele quarto e desce. A narradora diz a sua madrinha que Marcelo e Olívia estão dormindo e logo desmaia, devido uma forte e repentina caxumba.
Por estar de cama e na hora dormindo, a narradora perde a partida de Marcelo, mas recebe de Olívia, que partiu alguns dias depois de Marcelo, as cereja que ela tanto desejava desde o momento em que Olívia chegará.
Passou-se algum tempo até que a narradora e sua madrinha receberam uma carta, nela dizendo que Marcelo cairá de seu cavalo e morrerá. Como sua madrinha não gostava muito dele e desse habito de montar cavalo não ligou muito.



Síntese do conto "Uma Galinha"- Clarice Lispector


Conta à história de uma simples galinha que é escolhida para ser morta, para servir de mistura no domingo no almoço de uma família.

Durante o sábado todo, a galinha ficou encolhida no canto da cozinha sem se mexer, sem fazer nada.

No domingo de manhã quando foram pegar a galinha para matá-la, ela saiu voando de telhado em telhado e o seu dono sai correndo atrás, eles percorreram mais de um quarteirão durante a perseguição. Até que finalmente o homem consegue pegá-la em um momento de distração.

Ele sai carregando a galinha por uma das asas e quando chega na cozinha de sua casa, coloca a galinha com violência no chão.

Eis  que então para a surpresa de todos a galinha bota um ovo.

A filha do homem grita  então desesperadamente:

-Mamãe, mamãe não mate mais a galinha, ela pôs um ovo!Ela quer nosso bem!

Todos ficam parados por algum tempo até que o pai diz:

- Se você mandar matar essa galinha nunca mais comerei galinha na minha vida!

A mãe cansada deu de ombros e não matou a galinha.

Desse dia em diante a galinha passou a morar com a família. Até que um dia a família voltou a sua rotina e acabou matando a galinha e comendo e assim passaram-se os anos.
 

domingo, 3 de março de 2013

Entrevista com Clarice Lispector

 
 
Entrevista realizada na TV Cultura  com Clarice Lispector  em 1977, o mesmo ano de sua morte, devido ao  câncer.
Na entrevista, Clarice sempre dava respostas curtas  e na maioria das vezes seu olhar era baixo e ela fumava .
Durante a entrevista, ela respondeu diversas perguntas sobre sua vida,carreira,obras,etc.
Clarice se declarava uma mulher  tímida e ousada e na maioria das vezes acabava criando personagens com a mesma personalidade.
Quando ela não escrevia ela se sentia morta.Seus horários preferidos para escrever eram entre 4h30 e 5 h da manhã.
Clarice Lispector, contou ainda que nunca foi uma profissional, nunca assumiu a carreira de escritora e que era uma amadora e que ia permanecer assim.
     Quando foi perguntado com quem ela  comunicava  melhor com os adultos ou com crianças. Ela respondeu: "Quando eu me comunico com criança, é fácil porque sou muito maternal. Quando eu me comunico com adulto, na verdade,  estou me comunicando com o mais secreto de mim mesma, ai é difícil." Depois falou: "O adulto é triste e solitário. A criança tem a fantasia, solta.”
 Por fim na entrevista dava para perceber que ela tinha vários sotaques misturados pela razão de ter morado em vários lugares com sotaques e línguas diferentes.Clarice também tinha a língua presa,porém ela não quis operar pois achou que a cirurgia iria ser muito dolorosa.
 
 
 

Biografia de Clarice Lispector:


Clarice Lispector nasce em Tchetchelnik, na Ucrânia, no dia 10 de dezembro, tendo recebido o nome de Haia Lispector, terceira filha de Pinkouss e de Mania Lispector. Seu nascimento ocorre durante a viagem de emigração da família em direção à América.



Em 1925 mudam-se para a cidade de Recife onde Clarice passa sua infância no Bairro da Boa Vista. Aprendeu a ler e escrever muito nova. Estudou inglês e francês e cresceu ouvindo o idioma dos seus pais o iídiche. Com 9 anos fica órfã de mãe. Em 1931 ingressa no Ginásio Pernambucano, o melhor colégio público da cidade.



Em 1937 muda-se com a família para o Rio de Janeiro, indo morar no Bairro da Tijuca. Ingressa no Colégio Silva Jardim, onde era frequentadora assídua da biblioteca. Ingressa no curso de Direito. Com 19 anos publica seu primeiro conto "Triunfo" no semanário Pan. Em 1943 forma-se em Direito e casa-se com o amigo de turma Maury Gurgel Valente. Nesse mesmo ano estreou na literatura com o romance "Perto do Coração Selvagem", que retrata uma visão interiorizada do mundo da adolescência, e teve calorosa acolhida da crítica, recebendo o Prêmio Graça Aranha.



Clarice Lispector acompanha seu marido em viagens, na carreira de Diplomata no Ministério das Relações Exteriores. Em sua primeira viagem para Nápoles, Clarice trabalha como voluntária de assistente de enfermagem no hospital da Força Expedicionária Brasileira. Também morou na Inglaterra, Estados Unidos e Suíça, sempre acompanhando seu marido.



Em 1948 nasce na Suíça seu primeiro filho, Pedro, e em 1953 nasce nos Estados Unidos o segundo filho, Paulo. Em 1959 Clarice se separa do marido e retorna ao Rio de Janeiro, com os filhos. Logo começa a trabalhar no Jornal Correio da Manhã, assumindo a coluna Correio Feminino. Em 1960 trabalha no Diário da Noite com a coluna Só Para Mulheres, e lança "Laços de Família", livro de contos, que recebe o Prêmio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro. Em 1961 publica "A Maçã no Escuro" pelo qual recebe o prêmio de melhor livro do ano em 1962.


Clarice Lispector morreu no Rio de Janeiro em 9 de dezembro de 1977. de câncer no ovário e foi enterrada no cemitério Israelita do Caju.